sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Dia 14/12/2012 - Origens




A nossa primeira expedição, ocorrida entre Dezembro de 2010 e Janeiro de 2011, foi contada no blog: http://rutasyquebradas.blogspot.com.  Como lá relatamos, havia faltado visitarmos o sul da Bolívia, mais precisamente o Salar do Uyuni, o maior salar do planeta, e a rota das lagunas ao sul deste. Na primeira expedição eramos em dois, porém agora dois novos companheiros juntaram-se a aventura. Desta forma, repetimos uma parte do caminho da primeira expedição, de Foz do Iguaçu-BR até Salta-ARG, não tem jeito, este é o corredor para se chegar aos pés dos Andes no norte da Argentina, depois de Salta-ARG até San Pedro de Atacama no Chile via Paso* de Sico, repetido por opção, porém com uma modificação que acrescentou 190 km de off-road a este trecho.

* Os Andes possuem centenas, talvez milhares de caminhos, estradinhas de terra, muitas abandonadas, as estradas asfaltadas que cruzam de um lado para o outro dos Andes ligando o leste ao oeste, são poucas, talvez umas 20 no máximo, existem também as de rípio (terra batida, areia e cascalho, muito cascalho) porém frequentadas e são ligações oficiais entre países, a estas ligações asfaltadas ou não, dá-se o nome de "Paso".
Os Pasos possuem sempre uma unidade militar e/ou imigração e aduana na fronteira entre dois países.

O Paso de Sico, que liga a província de Salta na Argentina a província de Antofagasta no Chile, tem 160 km de asfalto e depois 265 km de "ripio" até próximo a cidade de Socaire no Chile, depois daí são mais 110 km de asfalto até San Pedro de Atacama. Porém ao invés de fazermos os 160 km de asfalto iniciais, trocamos por uma voltinha mais ao sul de 350 km, por Cachi, dos quais 110 km de asfalto e os demais 240 km de rípio!  

Apenas para citar, o "Paso" padrão entre o norte da Argentina e o norte do Chile é o Paso de Jama, todo asfaltado, passando mais ao norte pela província de Jujuy, é o caminho padrão, porém não tem as belezas de "Marte" nem os desafios do Paso de Sico. Como nós somos metidos a besta, resolvemos repetir o Paso de Sico, para que nossos novos companheiros, o Zeca e o Magá, pudessem desfrutar deste lugar, e nós o André e eu, repetíssemos os sofrimentos e as belezas deste caminho.

O sul da Bolívia, mais precisamente o Salar do Uyuni, e o caminho de San Pedro até lá, eram o nosso grande objetivo, passando pela Laguna Verde, Deserto de Siloli e Salvador Dalí e Lagunas Ramadita, Honda e Hedionda.
Porém acabou não acontecendo exatamente por ai, mais à frente explico.

De lá, planejamos voltar ao extremo norte da Argentina, outro lugar desconhecido, e depois por um caminho novo, cruzarmos o Chaco até Asunción no Paraguai. Claro que, cruzar de sudoeste a nordeste o polêmico Paraguai era um grande objetivo pessoal meu. Todo mundo sempre me dizia para não fazer isto, ai já viu né!
Eu queria descobrir as razões de muitos, pois outros poucos o tinham feito sem problemas, claro que se fosse uma unanimidade eu não seria besta de fazê-lo, daí a polêmica que me instigava, mas fugimos da manjada rota Asunción a Ciudad del Este.

Novamente o André e eu, fomos com nossas velhas Suzuki DR-650 RSE, 1995 e 1996 respectivamente. São motos antigas, mas muito bem cuidadas. O Magá foi com uma Yamaha XT660 R bem nova, e o Zeca com uma BMW F-800 que iria completar os 20.000 km durante a viagem.

Uma observação sobre o termo "aventura", uma vez ouvi uma entrevista do Amir Klink onde ele sabiamente disse:  "Aventura é tudo aquilo o que minuciosamente planejamos e depois com responsabilidade e cuidado executamos, o que não é feito assim é loucura ou irresponsabilidade".
Nossas ditas "aventuras" sempre foram minuciosamente planejadas, dá um trabalho enorme, porém depois é só seguirmos o "script" de forma responsável que tudo termina muito bem.

O lindo norte da Argentina!


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