segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Dia 17/12/2012 - De Puerto Iguazú a Quitilipi (este foi um dia daqueles..)

Acordamos com a primeira luz da manhã, estava uma temperatura bem agradável, eu abri a janela e descobri que a mesma dava para um mezanino de madeira sobre a fachada do hotel, onde havia mesas com guarda sois e cadeiras. Eu saí pela janela e fiquei andando no mezanino e olhando a rua vazia, já estava claro mas o sol ainda não havia aparecido, eram 6 h da manhã. Tratamos de juntar as tralhas todas e lá fomos nós com tudo nas costas. Passamos pela recepção do hotel e informamos que havíamos deixado a chave na porta, já haviamos pago adiantado a diária ontem.  Lá no hotel Paraná pedimos na recepção que alguém abrisse para nós a porta da garagem, ou melhor, depósito.

Demorou um pouco mas apareceu um rapaz que abriu a grande porta. E agora ? nossas motos estavam nos fundos...  Foi um trabalhão conseguirmos passar pelas motos do Magá e do Zeca, tivemos que mover muita lenha. Por conta disto e do calor que já começava, eu já suava. Estacionamos as motos em frente ao hotel, com a rua vazia começamos calmamente a arrumar a bagagem. Para quem me conhece, me ver na rua sem camisa é um evento inédito, mas eu não aguentei e tive que tirar a camisa enquanto amarrava a bagagem, ainda não batia sol naquele lado da rua, pois eram 7 h da manhã.

Observem a tal da garagem, um depósito de entulhos sem ventilação


Para eu estar assim, sem camisa na rua dá pra imaginar o calor?

Já que estou com vergonha, vou esconder a cara de pau

Ela ficou minha amiga, mas na hora da foto ficou tímida


Todos reunidos, hora de partirmos
Aos poucos a rua foi ganhando movimento, nós tivemos tempo para amarrar tudo com calma, completar o óleo, lubrificar as correntes etc.  O Magá e Zeca já apareceram vestidos com as armaduras, saímos dali e fomos procurar um local para tomarmos café, rodamos um pouco e acabamos achando um lugar, uma padaria, ao lado da rodoviária de Iguazú, lugar arrumado, com ar-condicionado, detalhe muito importante já  àquela hora da manhã.

O meu simples pão com manteiga e um café com leite, custou 15 pesos, o equivalente a R$ 7,50 (eita cafezinho caro) dona Christina continua manipulando os números da inflação, mas todos os Argentinos sabem da realidade.

Quando saímos de lá, olhei no meu relógio e eram 9 h da manhã no horário Argentino. Passamos por trás do Cassino e saímos na ruta 12 bem na rotatória.  Passamos mais uma vez em frente àquela unidade do exército Argentino onde ocorreu o encontro de motos em 2009, depois dali há uma bela placa em madeira, o André parou para tirar uma foto.

Na ruta 12, na realidade saí a 90° da reta que desce para as cataratas do lado Argentino.  Logo que saímos a direita a estrada ganha mais movimento, porém é estreita, pista simples e não tem acostamento, é um trecho bonito, pois há vegetação alta nas duas laterais, formando um corredor. Enquanto íamos por ali em meio ao trânsito de carros e caminhões, eu ia fazendo uma revisão mental, porém não me lembrava do momento onde guardei a bolsa com a maioria do meu dinheiro da viagem. Decidi que era melhor parar e conferir, uma coisa destas não se pode deixar para ver depois. Quando apareceu um local apropriado à direita da via, eu fiz sinal para o Magá que vinha logo atrás e parei, ele parou ao meu lado, quando fui falar com ele me distrai e perdi o pé de apoio, a moto começou a tombar para o lado e eu não conseguia trazê-la de volta à posição, comecei a pedir ajuda ao Magá, pois consegui ficar no limite segurando a moto na ponta do pé direito, mas se respirasse mais forte perderia o equilíbrio. O Magá desceu da moto dele correndo e me ajudou a voltar ao equilíbrio, quase cai, ali parado, o primeiro tombo da viagem...
Felizmente a bolsa com dinheiro estava no lugar dela, o problema de fazer as coisas de forma automática é este, a gente faz sem perceber.

Eu estava de camiseta de mangas longas e tinha amarrado minha jaqueta em cima do saco estanque, porém como sempre, não tinha dividido bem a amarração, então íamos em um rítmo rápido e eu o tempo todo de olho no espelho retrovisor para ver se minha jaqueta não estava escapando. Minha moto vibrava bastante e não rendia bem, ainda estávamos com gasolina do Brasil. O Zeca ia na frente, seguido do André, puxando o rítmo.
Passamos por várias vilas e eu não via a hora de chegarmos a Eldorado, pois ali há aquele grande posto de combustível onde nós teríamos que abastecer, eu aproveitaria para arrumar melhor minha bagagem.

Enfim, após 100 km depois de Puerto Iguazú, paramos no posto em Eldorado. Abastecemos as motos, calibramos os pneus, cada um foi ao banheiro, comprou algo a mais para comer etc.  Eu tomei uma decisão idiota, tirei a camiseta de manga longa e vesti a jaqueta sem usar nada por baixo, pois a camiseta enfiei no saco estanque, ok troquei de problema, agora a jaqueta não fica mais pendurada, mas eu tenho que rodar para ventilar, pois do contrário derreto de calor, que ideia de jirico foi esta minha. Voltamos a estrada depois das 11 h da manhã e eu estava desesperado para andarmos depois que fechei a jaqueta.


A Suzi no posto em Eldorado
Abastecidos, vamos em frente, mas que calor!
Passamos batido por Caraguatay, outra terra do Chê, e também passamos sem tirar fotos da linda ponte metálica sobre o Arroyo Paraná.

O rítmo era acelerado, mas a estrada cruza muitas pequenas cidades e, foi em uma destas chamada Montecarlo que tinha um semáforo na rodovia, havia duas grandes carretas e vários carros, todos desacelerando para chegar ao cruzamento, nós fomos ultrapassando os carros até que faltavam as duas carretas que estavam na frente.  Como elas estavam bem devagar o André saiu pela esquerda eu o segui vindo o Zeca e o Magá atrás, passando bem ao lado as ultrapassamos parando na frente das mesmas no semáforo, porém ali era faixa dulpa contínua...   Eu não vi, mas o Magá me disse que havia uma viatura de polícia parada à direita no cruzamento, os policiais sairam com a viatura a milhão, entraram na rodovia e sumiram, dai que ninguém ligou para o fato.  O semáforo abriu e logo após o cruzamento começa uma descida, um pouco mais de 1 km à frente na baixada desta descida estavam os policiais nos esperando !   Colocaram cones na estrada e ficaram a nossa espera...

Os três policiais fazendo cara de maus amigos já foram nos encostando no acostamento e nos enquadrando, na realidade nós ultrapassamos as carretas sim, com faixa contínua, mas elas estavam a uns 10 km / hora, ok, lei é lei.

Mas não era o cumprimento da lei a preocupação deles (se fosse teriam nos parado lá no cruzamento mesmo) e sim o quanto eles poderiam nos morder fora das vistas de alguém na cidade. Nos disseram que iríamos ser multados e que teríamos de ser levados até a delegacia da cidade para pagarmos a multa, aí um deles me pediu que eu o acompanhasse, pois iria pegar o talão de multas no carro. Nos afastamos uns 20 metros, ele com calma pegou o talonário e me disse que a multa era o equivalente a 300 litros de combustível !    Como assim ?  Isto mesmo, 2100 pesos, mais de mil reais para cada um ! Porém ele começou com o seguinte papo:  60% do valor da multa é para a polícia e os 40% restantes para o município, o que eles poderiam fazer era nos cobrar a parte da polícia, assim não iríamos para a delegacia, que era um bom negócio, pois do contrário, todos nós iríamos ficar horas lá na delegacia, me pediu para voltar lá e conversar com os demais sobre a proposta.  Quando voltei o André me deu uma bronca, pois eu havia me afastado, ele não tinha visto que o policial havia me "puxado de lado", porém os demais já haviam feito a mesma proposta a eles. Eu com a jaqueta aberta, sem camisa por baixo, louco para ficar nu naquele calor insuportável, a negociação foi longa, o André argumentou muito, falou que nossas motos eram velhas (a minha e a do André são mesmo, ainda bem que a BMW nova do Zeca estava lá no fim da fila). Depois de muita negociação acabaram aceitando 100 pesos de cada um.  Para facilitar, o André pegou o dinheiro e pagou para todos nós, para tentarmos sair logo dali. Porém antes de saírmos, os policiais ainda fizeram um teatro, vieram com um folhetinho com regras de trânsito e deram para cada um de nós, não antes de lerem ítem por ítem as recomendações constantes nestes, incluindo o uso do cinto de segurança !  Pô, estamos de moto...

Saímos dali em um rítmo completamente diferente, pois se fosse assim, iríamos queimar a viagem pagando propina para a polícia, não dá !   Dai em diante, nenhuma ultrapassagem com faixa contínua, velocidade reduzida ao cruzarmos as cidades (o que é o certo e sempre procuro fazer) e assim fomos sob o forte calor. Houve uma cidade onde paramos em um semáforo sob aquele sol, mais não passava nada nem ninguém, nós ali parados derretendo mas não poderíamos de forma alguma arriscar a avançar devagarzinho.

Posadas lá ao fundo, a antiga estrada em primeiro plano, a nova é uma linda ponte
Finalmente chegamos a Posadas, mas antes parei para tirar uma foto da cidade vista de antes da linda ponte nova sobre o Arroyo Guarupa. Posadas fica a 300 km da fronteira com o Brasil (Puerto Iguazú), a ruta 12 quando entra na periferia da cidade deixa de existir, pois passa a ser a Av. Brigadeiro Rosas, que tem bastante trânsito e semáforos.  Esta av. termina na rotatória com as Avenidas Tierra del Fuego, Republica del Uruguai (que vai em diração ao centro) e Madre de Calcutá, que saindo perpendicular à esquerda da Brig. Rosas, volta a ser a ruta 12. Contornamos a rotatória e entramos na Madre Calcutá, pois não tínhamos a intenção de irmos ao centro de Posadas (infelizmente). Assim que saímos da rotatória, uns 300 m adiante vi um restaurante bem simples, porém o acesso era contramão uns 20 metros, olhei, olhei, então uma pickup branca entrou onde eu pretendia, tomei coragem e entrei, cruzei a rua e subi na calçada entrando debaixo da cobertura externa do restaurante onde havia várias mesas, todo mundo fez o mesmo, estacionamos as motos ali à sombra ao lado das mesas. Eu aproveitei para tirar a jaqueta e voltar a colocar uma camiseta, amarrei melhor desta vez a jaqueta na bagagem.


Um restaurante com sombra para as motos! (foto Zeca)
Não deixamos por menos (foto Zeca)
Comilança geral, andar de moto dá uma fome! (foto Zeca)


Pausa para a foto  (foto Zeca)
Uma menina loura veio nos atender, nos sugeriu que sentássemos na parte interna do restaurante, que segundo ela tinha refrigeração, porém para nós ali estava ótimo, pois estávamos ao lado das motos, sem precisarmos tirar nada delas.
Eu não me lembro o que pedi, mas lembro me que o Magá pediu um bife de chorizo, e neste momento um rapaz moreno veio tirar o pedido.  Nós duvidamos, pelo preço que fosse um bife de chorizo mesmo, e de fato não era, o que deixou o Magá irritado e foi tirar satisfação com o rapaz, nós apaziguamos a situação e o rapaz tentou sair da situação como pode.

Para mim, o almoço foi equivalente ao que paguei, então tudo bem, só que eu não sou uma referência, pois sou pouco exigente em relação a comida.

Saimos do restaurante e ficamos um bom tempo no semáforo, que debaixo daquele sol parecia que não abriria nunca. Saindo de Posadas, começam enormes retas na ruta 12, logo a seguir há um pedágio onde motos não pagam e mais adiante novamente os soldados da Gendarmenia Argentina que, como em 2010 novamente nos pararam, eu já fiquei cismado, vai morrer grana, pensei, mas foi o de praxe, de onde vem ? para onde vão ?  buem viaje.

Este trecho da ruta tem uma beleza simples, há campos planos de perder de vista em ambos os lados, os acostamentos são uma grama alta e com o céu azul há aquele constraste com o verde contínuo cortado pela reta faixa de asfalto.
Um bom trecho à frente a ruta 12 passa muito próxima ao enorme lago da represa Yaciretá, que vontade de tomar um banho !   O André olhou e disse, puxa se der vamos tomar um banho?  Mais por ali, apesar de vermos a água, não há acesso direto e fomos tocando. Há 80 km depois está Ituzaingó, cidade e barragem da represa da qual vimos uma pontinha lá atrás. Esta represa no rio Paraná tem uma área quase maior que o lago de Itaipu, tem 33 km de largura por 86 km de comprimento (Itaipu tem 153 km de comprimento, mas apenas 12 a 15 de largura no ponto mais largo). A usina que fica no lago paraguaio é quase do tamanho de Itaipu.  Yaciretá tem "duas barragens com vertedouros" e uma eclusa, fica só a 12 km da ruta12!

Não falei nada, está tarde e temos muito chão pela frente, pois segundo concenso geral iríamos para Quitilipi 160 km a frente de Corrientes, que eu havia proposto para aquele dia, havia ainda o demorado cruzamento da ponte General Belgrano (que acabou sendo mesmo demorado, mas por outro motivo que não o trânsito), deixei passar, tocamos em frente. Dali para Corrientes faltavam ainda 250 km e o calor era insuportável, seguramente não seria na usina hidrelétrica que iríamos tomar uma banho de represa...


Olha a invenção do André



Ele prendeu a câmera fotográfica em uma haste telescópica


Conseguiu filmar a gente andando de vários ângulos


O Zeca


O Magá

Eu e o Magá vindo lá atrás
Eu e as belas retas da ruta 12
Transformei o filme em fotos!


O Zeca vai voar

Foram-se lá umas três horas ou mais de estrada e calor até chegarmos a Corrientes, a grande cidade às marges do rio Paraná, que neste ponto vira para a esquerda e desce em direção ao Rio da Prata uns 1500 km ao sul em Buenos Aires.
Após dois anos, eu havia me esquecido que a ruta 12 não entra direto na cidade, há que se sair à direita, o que fizemos, pois novamente estávamos a procura de uma caixa eletrônico para o Magá. Entramos na Av. Independência e fomos pela via lateral, há muitas motos pequenas nestas cidades da Argentina. Conseguimos uma informação de que havia um Carrefour uns 2 km à frente e de fato havia, por sorte o estacionamento tem umas coberturas e conseguimos parar à sombra.
Enquanto ficamos por lá esperando o Magá, um senhor veio conversar conosco, curioso sobre nossa viagem, conversamos bastante, mas não estávamos à vontade devido ao calor. O Magá voltou muito irritado, pois encontrou o caixa "plus", porém este bloqueou o seu cartão! O deixamos mais calmo, cada um lhe dando um valor em pesos argentinos emprestado, com a promessa de cobrarmos juros extorsivos depois claro.

Bem, como tínhamos que cruzar a ponte que liga Corrientes a Resistência e depois de Resistencia mais 160 km até Quitilipi, tratamos de sair logo dali. Entramos na Av. Pedro Ferre (continuação da Independência) e fomos pela via lateral até que lá na frente havia a saída para a pista central que é a que sobe a ponte, eu que ia na frente fiz indicação da saída e fomos todos por ali. Bem no pé da ponte há um posto de polícia, que inclusive havia nos parado em 2010 e nos liberado após conferirem os documentos, porém desta vez a coisa foi diferente. Nos pararam e já foram nos avisando que havíamos sido multados !  Mas por que ?   Porque entramos na via principal que é proibida para motos... Nós argumentamos que saímos só no final onde é o único local que sobe a ponte, aí o cara de pau nos disse que não, que tínhamos que ter continuado pela lateral até não sei aonde, fazer uma volta não sei como e subir a ponte por uma alça mais à frente !   Nos fez deixarmos as motos ao sol e o seguirmos até a guarita que fica à sombra de uma mangueira. Outro guarda ficou ali ao lado das nossas motos, porém motos argentinas passavam, ele parou uma e depois a deixou seguir, nós olhamos aquilo e perguntamos, mas e as outras motos, elas estão passando?

Sabe o que ele respondeu?  "És prohibido solamente para motos internacionales"
Nós nos entreolhamos espumando de raiva, pois já ficou claro o golpe!   Eu tentei argumentar que havíamos passado por ali em 2010 sem problemas e ele retrucou, "o ano passado houve um acidente muito grave com uma moto grande, por isto agora está proibido, vocês não sabiam?"    Ele sentou-se atrás de uma mesa e ficou enrolando, pediu nossos dados e foi anotando em um papel qualquer, aí chegou um outro guarda que ele disse que era do município, mas este com cara de tonto não falava nada. O Magá estava a ponto de bater nos caras, então o André foi lá para dentro da guarita e começou a negociar com os dois guardas que haviam entrado lá, eu estava preocupado com a reação do Magá, se ele fosse para cima nós iríamos todos presos.  Esta brincadeira durou um bom tempo, até que o André, agora por força das circunstâncias, eleito nosso negociador de propinas, saiu e fez sinal que estava resolvido. Desta vez foram 50 pesos para cada um, o que não é grande coisa, mas o stress foi.   O guarda ainda foi "camarada" nos avisando que depois da ponte, em Resistência, também era proibido circular na rodovia com as motos, deveríamos seguir pela lateral...

Subimos a majestosa ponte General Belgrano, e saímos na ruta 16, que é a continuação da ruta 12 do outro lado, porém lá sim havia placa de proibição para motos, tratamos de sair para a lateral, onde de fato outras motos também seguiam. Fomos assim por uns cinco km ou mais, parando a cada cruzamento e desviando de carros e caminhões, enquanto isto o trânsito fluía rápido na rodovia bem ao nosso lado.  Seguimos até que a rua lateral simplesmente terminou, não havia acesso a rodovia!  Mas isto é o bom de motos trail, havia um barranco e por ali subimos saindo direto na rodovia. Nem preciso dizer que estávamos cansados e com o moral baixo.

Como não havíamos abastecido em Corrientes, paramos em um posto logo a frente à esquerda da rodovia, mais não era o mesmo posto onde paramos em 2010 para comermos um delicioso sanduiche de jamón y queso, porém como aquele, tinha ar condicionado. Abastece, compra água, o André completa o óleo, a rotina dos postos.

Chegamos à Quitilipi bem no final da tarde e já entramos no posto de gasolina, a fila não era grande, mas havia, como no dia seguinte iríamos passar por aquele grande trecho sem postos e onde tivemos problemas para achar gasolina nos postos, decidimos que iríamos pela primeira vez, usarmos as vasilhas de reserva. No meu caso eram 3 garrafas PET de 3 litros.  Porém eu decidi que iria levar apemas 6 litros, o suficiente para chegar ou passar de El Galpón. O Garoto que abastecia as motos, muito solícito, nos informou que não poderia encher as garrafas pet, era proibido, somente "bidones" (galões). Ele foi legal, pois disse que tinha um galão no posto, nos emprestava, e depois nós transferiríamos do galão para as PET. Uma perda de tempo desnecessária, mas não tinha jeito, então enchíamos o galão e depois íamos despejar nas PET. Imagina a demora para esta operação!   O André deixou cair gasolina na perna e levantou reclamando que ardia, nós dissemos, ainda bem que foi na perna...  Neste tempo um senhor brasileiro, viajando de carro, nos viu e veio conversar conosco, novamente a curiosidade de sempre, motos "viajeras" chamam a atenção, ele engrenou no papo e só foi embora porque sua esposa lhe chamou.


O posto na ruta 16 em Quitilipi
Não pode abastecer na garrafa, só no galão, mas transferir depois pode...
Nós já havíamos combinado que iríamos procurar um hotel, depois iríamos fazer uma visita ao Adrian, pois o Zeca o havia avisado de nossa passagem por lá.  Estou eu sentado no chão tentando derramar a menor quantidade de gasolina possível na transferência galão x PET, quando vejo um rapaz ao lado de um carro prata olhando para nós e agitando os braços, era o Adrian !

Como ele na cidade é o único que tem uma moto grande, uma Transalp 700, e ele é muito conhecido por lá, pois tem uma farmácia, foi avisado por alguém, que nos viu no posto, de que havia um bando de malucos de moto por lá.

Ele veio ao nosso encontro, eu não o conhecia, aliás só o Zeca conhecia, ele, o Adrian, insistiu que não iríamos para hotel algum, pois já havia preparado um quarto para nós em sua casa e por isto veio nos buscar. Ficamos sem jeito, pois nós não gostamos de incomodar, mas ele fazia questão.  Terminamos o complicado abastecimento, pagamos e saímos do posto seguindo o carro do Adrian, estacionamos as motos na garagem da frente da casa dele, pois como iríamos descobrir depois, ele tem uma garagem nos fundos que é o meu sonho de consumo!  Sacamos as bagagens e deixamos no quarto que ele nos preparou, nos disse para ficarmos à vontade, pois tinha que voltar a farmácia.

Na realidade ele tem um farmácia e uma loja de móveis, sua esposa fica na farmácia, ele foi lá fechar a loja de móveis, neste interIm tratamos de tomar banho e montarmos um esquema de guerra para podermos carregar toda a tralha eletrônica que cada um carregava consigo. O quarto ficou uma bagunça com todas as nossas coisas, tínhamos que ter cuidado para caminhar, eu fiquei com a cama do canto encostada na janela, havia o luxo de um ar-condicionado que salvou a nossa noite, pois o calor do chaco não dá trégua nem a noite.

Mais tarde o Adrian voltou trazendo agora a sua esposa que estava grávida. Eles tem dois cachorrinhos que são tudo de bom, foi aí que ele nos mostrou a garagem dos fundos, um galpão onde ele tem até um barco, não é barquinho não! é uma lancha.  Ali também ficam a Transalp novinha e uma Falcon que, segundo ele é agora da esposa, porém por razões óbvias ela não tem podido andar nos últimos meses.  Eu pendurei umas roupas, que lavei durante o banho, em um varal nos fundos próximo a uma linda parreira.

Então o Adrian nos levou em seu carro para jantar, o esquema foi assim, fomos eu, o André e o Magá no banco traseiro, o Zeca ao lado da esposa do Adrian dividindo o banco dianteiro do passageiro, ainda bem que o restaurante era perto, eu não podia me mexer e nestas horas é que me vem aquela caimbra terrível.

Paramos em um restaurante à beira da ruta 16, é tipo uma churrascaria, é de uma família, pelo que vi são bem conhecidos do Adrian. Ao fundo havia a churrasqueira onde sob aquele calor danado trabalhava um senhor de aparência muito simples e roupa surrada. O Lugar estava praticamente vazio, em um dado momento, tive a impressão que só restávamos nós por ali.  Claro que foi servida carne, muita carne aliás, de vários tipos. Eu não sou fã de carne vermelha ainda mais tarde da noite, devido a digestão difícil e ao meu problema de refluxo gástrico, é a idade já está me perseguindo...   O jantar foi muito agradável e o restaurante fechou quando nós saímos, observei que o senhor que cuidava da churrasqueira foi embora de bicicleta, bem antes de nós.

O Adrian e a sua esposa (foto Zeca)
O bife do André
Um belo jantar (foto Zeca)
Eles são uma simpatia!

Olha a juba do Magá
E a bagunça que nós fizemos na cada do Adrian
Voltamos para a casa do Adrian, algumas ruas da cidade estavam desertas, em outras havia pessoas conversando na frente das casas, o calor mesmo àquela hora era forte, isto era por volta da meia-noite.

Nem preciso dizer que cai no sono rapidinho, mesmo com o som do ar-condicionado, que aliás, por ali não é um luxo e sim uma necessidade.  Combinamos que levantaríamos às 7h da manhã.

4 comentários:

  1. Putz, em Corrientes agora em setembro/2013 aconteceu o mesmo conosco, estávamos em 07 motos e as duas "autoridades" que estavam na guarita da ponte vieram com a mesma conversa, so liberando depois de pagar a "contribuicion"

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  2. Guto, quando você for passar por Corrientes tem como escapar de pagar propina. Se você segue no sentido de Salta, basta seguir a Av. Pedro Ferrer pela lateral (marginal, que eles chamam de colectora), vá até o fim, pois esta via termina na beira do rio, enquanto a principal sobe a ponte. Porém ao chegar na beira do rio, vire à esquerda, passe por baixo da ponte, faça o primeiro retorno que voltando tem um acesso à ponte por uma alça. Você sai depois da guarita (e este é o percurso certo). O Felipe passou lá depois de nós, e já sabendo da coisa fez como explicado. Entrou na ponte pela alça e viu o guarda parado com a mão na cintura, ele só deu tchauzinho pro guarda que não podia fazer nada, pois ele fez o caminho certo! Estas informações ajudam muito, ajudaram o Felipe e espero que ajude outras pessoas também. Abraço.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. como vc está magrinho naquelas fotos sem camisa... não deram comida procê?
    rsrsss....
    as fotos que vc extraiu do filme ficaram muito boas!!

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