sábado, 22 de dezembro de 2012

Dia 22/12/2012 - O Paso de Sico, de San Antonio a San Pedro (o dia do fim do mundo, mas...)

Algo que eu tinha notado na chegada era não ter visto o Ramon, que era o recepcionista do hotel em 2010, pessoa muito gentil e alegre, que inclusive nos ajudou a querer explodir o hotel, guardando nossa gasolina atrás da cozinha.  Brincadeiras à parte, em 2010 ao voltarmos no fim da tarde da visita ao viaduto La Polvorilla, tratamos de comprar e armazenar os 12 litros de gasolina adicionais que usamos para cruzar os 350 km até San Pedro, isto nos possibilitou sairmos bem cedo, o que nos permitiu chegarmos a San Pedro com o sol poente no horizonte do Salar do Atacama, aquilo é lindo de se ver.
Este ano, devido aos eventos de saúde do dia anterior, não nos permitimos adiantarmos este lado, mas de qualquer forma, nesta viagem nós não conseguimos sair cedo mesmo, então tanto fez.


O amanhecer de San Antonio de Los Cobres
As motos na frente do hotel de Las Nubes
Eu levantei as 6:00h, me sentindo muito bem, e com fome, então comecei a arrumar a bagunça da minha bagagem, lá fora o sol timidamente mostrava as primeiras luzes do dia, claro que estava frio. Então fomos eu e o André até o posto, quer dizer até as duas bombas, uma de diesel e outra de gasolina, ao contrário do Rámon que não trabalhava mais no hotel de Las Nubes, o senhor do posto era o mesmo de 2010, calado sempre, consegue te atender sem dizer uma palavra. Eu que já havia me arrependido de não ter trazido os alforges nesta viagem, fiquei mais arrependido ainda, pois só consegui colocar duas garrafas de 3 litros na mala do banco, sob o saco estanque, o que me criava a dificuldade de ter de tirá-lo para abastecer, aliás esta experiência do saco estanque, para mim não foi boa, pois elevou muito o centro de gravidade da moto, o que pra mim, braço duro que sou, era um problema a mais. O André como sempre, me quebrou o galho e mais uma vez levou uma garrafa para mim, pois ele sabiamente veio com dois pequenos alforges, que ficaram completos, só com gasolina. Eu acomodei dois litros de óleo dele na minha mala de banco, pois além de gasolina o André continuava sempre completando o óleo da moto dele, que às vezes baixava muito óleo, às vezes não.

Como nós tínhamos ido até o posto, sem montar as bagagens, o posto é bem próximo do hotel, eu tinha ido de chinelo e apenas com uma blusa fina, passei frio.  Voltamos ao hotel e eu comecei a calmamente, mas não facilmente, a prender minha bagagem, o que sempre é motivo de gozação, pois eu nunca consigo fazer isto direito, muito menos repetir a última amarração bem sucedida.

O "posto" de San Antonio
Gasolina onde couber
Será que vai sobrar pra mim?
Outra vista do amanhecer andino
Finalmente fomos tomar o esperado café, mas apesar da fome, eu maneirei, pois sabia que iriamos no caminho subir e descer entre 3800 m até 4700 m para no final descermos para 2600 m em San Pedro, as precauções com este sobe e desce são comer pouco e coisas leves e também beber muita água.

O Magá e o Zeca abasteceram e arrumaram a bagagem, então saímos do hotel em direção às duas ruas principais do povoado, para comprarmos água. Vai daqui, erra dali, volta de lá, afinal paramos na frente de um mercadinho, o sol já estava ficando forte. Bem na frente, um senhor pequeno, devia ter por volta de uns 80 anos, com uma moto antiga, agora eu não me lembro se ele nos disse que tinha 76 anos ou a moto era 1976, bem de qualquer forma, ambos eram dignos de respeito. Compramos água, e eu amarrei as minha garrafas de qualquer jeito na bagagem, me lembro de ter olhado para o relógio e eram 9:30 h da manhã, fiz uns cálculos mentais e rezei para que não encontrássemos nenhuma expedição de pickups no posto de El Laco, pois perderíamos uma duas horas parados por lá.

Pegamos a ruta 51 sentido oeste, passamos por baixo do viaduto do trem de Las Nubes e fomos seguindo, tentando sincronizar os ritmos, passamos pela saída na ruta 40, que leva ao viaduto La Polvorilla, mas continuamos em frente. O Zeca havia proposto antes que fossemos até lá, mas devido ao horário, eu e o André lhe dissemos que não era possível fazer as duas coisas no mesmo dia, hoje nossa missão era San Pedro, onde só chegaríamos a noite.

Devido ao fato de o Zeca e o André conseguirem andar mais rápido e eu com minhas dificuldades, andar mais devagar, o Magá ficava entre as duas situações, porém ele tem estatura para por os dois pés no chão em cima da moto o que para mim seria muito útil. Então adotei uma estratégia que era manter um ritmo constante, assim eles podiam dar as esticadas e depois parar para tirar fotos, enquanto eu pararia menos, passando direto por eles nestes momentos. O lado ruim desta estratégia era que o grupo não ficava próximo o tempo todo, mais foi o jeito que encontrei para não fazer da viagem dos que andam mais, tediosa.

Claro que o cenário era o seguinte, um lindo dia de sol, muita areia e cascalho, muito mais do que 2010 onde os problemas apareceram bem lá na frente.  San Antonio de Los Cobres, fica em um altiplano a 3800 m, portanto saindo dali no sentido oeste, passamos por três pontos altos, Alto Chorrillo, Alto Tocomar (do lado Argentino) e El Laco (no lado chileno), todos acima de 4300 m.  Então uns 20 km após San Antonio, começa a subida do alto Chorrillo, onde há muitas curvas, foi em uma destas que o Magá ao tentar parar para fotografar, perdeu o pé de apoio e a moto caiu.  Eu fiquei parado a alguns metros à frente, segurando a moto na ponta do pé esquerdo, pois não encontrava um lugar para conseguir descer da moto, se eu tentasse, seria mais um no chão. então dali daquela posição incomoda, assisti o André zoar o Magá, e depois ele e o Zeca o ajudarem a levantar a moto, claro que o Magá não ficou feliz, mas mais uma vez, só arranhou o ego.



Saída de San Antonio
O viaduto do trem de las nubes na saída de San Antonio
Se o Magá perdeu o apoio quando parou, imaginem eu, mas eu não parei!
Não foi nada!
O Zeca espertamente parou antes da curva
Um tombo só para tirar esta foto!
A F800 (foto Zeca)
Como eu estava naquela posição incomoda, gritei para eles que iria continuar subindo devagar, e foi o que fiz, lá no alto parei para tirar uma foto da placa com o trem, pois a ruta cruza com a antiga linha do trem que ia até Antofagasta, hoje não mais, apenas o trem turístico vai de Salta até o o viaduto La Polvorrilla e volta de lá. Assim que vi os três subindo lá atrás, continuei e ultrapassei uma ambulância (de alguma mina) que ia mais devagar do que eu. Ali o chão era bem firme, mas havia muitas curvas, porém eu não via mais meus companheiros aparecerem lá atrás nas curvas, deveriam já ter me alcançado, mesmo assim continuei. Com não os via, parei em um plano bem alto, fiquei ali ao lado da moto os esperando, e foi um bom tempo, pois até a ambulância que eu havia passado, passou agora por mim.
Cuidado com o trem!
Depois de um bom tempo eles chegaram, eu já estava decidido a voltar, foi aí que o André me disse que a moto do Zeca tinha tombado, bem, eu tinha visto uma atalho entre umas curvas, foi por ali que eles resolveram passar, de brincadeira claro, mas o terreno não era consolidado, demoraram pois foi difícil levantar a moto do Zeca, também, estávamos ali a uns 4200 m de altitude, onde não é fácil levantar nada.


A estrada à direita e o "atalho" que o André e o Zeca pegaram à esquerda, resultado...
Seguimos e logo pudemos parar na placa do Alto Chorrillo, a 4560 m de altitude, fotografamos, tomamos água, e desta vez estava um lindo sol, mas mesmo assim, frio.  Do Alto Chorrillo, descemos um pouco e já subimos novamente para o Alto Tocomar, depois deste começa uma descida em direção ao planalto de Olacapato, que está na ponta sul do Salar de Cauchari e a leste do Salar del Ríncon. Então, onde há um salar, há areia fina (fesh-fesh), mas desta vez muito menos, felizmente, porém areia grossa e cascalho havia muito. Fomos então no nosso ritmo, eu tentando ir constante sem parar, porém devagar, o André e o Zeca, acelerando e parando e o Magá tentando algo entre os dois.



Eu, pela segunda vez no Alto Chorrillo
André também
O Magá
O Zeca
Paso de Sico, 109 km adiante, onde se chegará a um terço do percurso do dia
Suzi, você voltou aqui!
A ruta 51 vai beirando a antiga linha do trem, pois Olacapato, um povoado perdido no meio dos Andes, era um ponto de parada para abastecimento de água das locomotivas a vapor daquela época, por isto lá existe o icônico tanque de madeira. As poucas pessoas que hoje habitam aquele local, trabalham nas minas de sal mais próximas, e sal por ali é o que sobra. A ruta vira um retão poeirento chegando próximo ao povoado, e bem ali há um baita areião, na realidade a areia finíssima toma conta da ruta, porém desta vez eu não estava distraído como em 2010, já me preparei, o que foi minha salvação, pois ao invés de um poço de fesh-fesh, havia um longo trecho de fesh-fesh pela estrada. Eu reduzi uma marcha, fui para frente da moto e acelerei continuamente, a moto ia dançando para os lados e eu achando que ia cair a qualquer momento. Porém saí ileso do outro lado daquilo tudo, obviamente que o André e o Zeca passaram rindo. O André se deu ao luxo de parar para fotografar, porém foi aí que o Magá que vinha logo atrás dele, tirou a mão do acelerador e o tombo foi inevitável, na realidade nem tombo foi, pois a moto deitou e o Magá saiu de cima dela em pé! O André fotografou na hora, pois acho que estava ali esperando para fotografar a minha possível queda.  Agora, Imaginem um cara bravo!  Este era o Magá, xingou o André, esperneou, reclamou, o André só ria da situação.  A parada do André forçou uma mudança de curso do Magá, resultando na queda, que mais uma vez não foi nada, pois a velocidade era baixa e chão macio. O André dizia que era só ele ter continuado, mas como ele pilota muito, não faz ideia da nossa dificuldade, fazemos no nosso limite o que ele faz brincando. Nós fotografamos "o caído deste ano ali", que desta vez não fui eu. Ajudamos o Magá a levantar a moto e seguimos entrando no povoado em direção ao tanque.

O Zeca me lembrou dias atrás de algo que eu já havia me esquecido, enquanto seguíamos em frente para entrar em Olacapato, ele e o André chamaram o Magá pelo intercomunicador e ele não respondeu, achando então que ele estava desconectado, começaram os dois a zoar o Magá de A a Z, conversando pelo intercomunicador, depois de uns 15 minutos o Magá simplesmente entra na linha e diz: "estou ouvindo tudo viu seus putos!"  Ai a zoeira foi geral!


Zeca e Magá
O André, estrategicamente se adiantou e ficou esperando pelo meu tombo aqui
Mas não foi eu quem caiu...
O Magá "irado" dando a maior bronca no André! (foto Zeca)
Desta vez eu passei!
Olacapato, uma estação de trem abandonada, um tanque de madeira em ruínas e umas casinhas do outro lado da linha férrea em desuso, onde não se vê viva alma.

Eu ficaria horas ali sentado observando aquele lugar, mas isto seguramente é algo meu, vem de algo remoto no meu passado, não desta vida claro. Para todos os demais era apenas um lugar perdido no nada, para mim representava algo muito distante no tempo. Pela segunda vez, me sentia dentro de uma foto muito antiga, como em uma máquina do tempo.  Paramos as motos sob a sombra do tanque, mas não antes de eu tirar outra foto da Suzi ao lado do tanque.  Eu aproveitei a sombra para com uma chave, ajustar o meu espelho retrovisor direito que se soltou na base, ficamos algum tempo ali, mas novamente não víamos ninguém nas casas uns duzentos metros adiante, pois estávamos parados na antiga estação de trem. Aproveitamos para colocarmos parte do combustível que carregávamos nos tanques das motos, Olacapato dista 60 km de SALC.


A Suzi e o icônico tanque de Olacapato

A estação de trem abandonada

Aproveitamos a sombra

A antiga linha férrea vindo lá de San Antonio, ia para Antofagasta
Eu pensei em subir lá


Ninguém para lá
Ninguém para cá
Bela foto do André
Voltando a ruta 51, uns 10 km a frente, que não se percebe serem 10 km devido a planície formada pelo encontro dos dois grandes salares, Rincón e Cauchari. Chegamos a bifurcação, na realidade uma "trifurcação" (se é que esta palavra existe), pois a ruta 27 que vem do sul, lá de Pocitos e o meu sonhado Paso Socompa, termina na ruta 51, porém segue do outro lado adiante como ruta 37/70 que cruza todo o Salar de Cauchari e se encontra ao norte, com a famosa ruta 52, o Paso de Jama. Só por curiosidade, dali da ruta 51 até a ruta 52, atravessando o, salar são apenas 60 km, este é o ponto onde o Paso de Sico passa mais próximo do Paso de Jama, que é asfaltado e é a rota padrão entre o norte da Argentina e o norte do Chile.  Mas nós outra vez estamos indo pelo Paso de Sico pela terra, porque? Porque os lugares mais difíceis de se chegar são os mais lindos!


A placa da "trifurcação" em frente Paso Socompa, no meio Sico e à dir. cruza Cauchari
O Zeca e o Salar El Rincón (foto Zeca)
Linda foto!  (foto Zeca)
Repetição de 2010, mesma foto, mesmo lugar
A borda do Salar del Rincón, com Cauchari
Minha vez
El Salar del Rincón, vista oeste
Quem vem lá?
O Zeca e o Magá!


Salar de Cauchari
O Magá observando a imensidão
Passamos pelo povoado abandonado de Cauchari, mais uma vez não entramos lá. Alguém de nós entrou por engano na ruta 37, mas o André e eu nos lembrávamos bem dali, tanto que repetimos a mesma foto de 2010 na placa da estrada, então seguimos todos corretamente pela ruta 51.  Logo após Cauchari a ruta 51 sobe um pouco, indo de 4000 para 4350 m de altitude, contornando pela lateral do Salar del Ríncón, este desvio faz com que a ruta não corte diretamente o Salar, nos levando a cruzar a sua parte mais ao norte onde o mesmo se mistura ao grande Salar de Tara (que vai até o Paso Jama também), formando um imenso planalto a 3800 m de altitude. Quando a ruta começa a descer em direção ao planalto, onde está o Paso de Sico (fronteira internacional entre Argentina e Chile) começam os poços de fesh-fesh, e havia alguns bem grandes, mas como nós já sabíamos da relação Salar e areia fina, ficamos espertos. O Salar del Rícón nos propicia uma vista imensa, porém perde-se a noção de distância e profundidade observando o mesmo daquele ponto da ruta.

Na descida havia um poço de fesh-fesh enorme que cobria quase toda a largura da ruta, o Zeca e o André passaram pelo meio dele, eu vi a traseira da moto do Zeca afundar, mas ele acelerou, e uma F800 quando acelera vai mesmo! O Magá que ia a minha frente viu uma miníma faixa de chão firme, bem na borda do barranco e foi por ali que nós passamos. Depois havia uns poços aqui outros acolá, mas dava para desviar. Saímos então no baixadão cascalhento já em direção às Púcaras de Sico, que se viam minusculas no horizonte.  Como eles pararam para fotografar, eu segui devagar bem concentrado no piso cascalhento onde a moto sambava, mais quando vi, estava sozinho. Depois de tê-los visto vindo atrás de mim, pararam mais uma vez, eu decidi lhes esperar, pois achei um local onde consegui firmar o pé e parar a moto.  Eles estavam demorando, então com o zoom da máquina fotográfica tentei vê-los, mas estavam muito longe, como não vinham decidi a contragosto voltar, isto porque eu tinha vencido aquele trecho cascalhento sem cair e não via a hora de chegar no posto fronteiriço Argentino, que estava a uns cinco quilometros à frente, mais já visível.
Esta reta desde a descida da borda do Salar até o posto Argentino, tem 15 km de extensão!

Descobri então o motivo da parada, o suporte dos baús da moto do Zeca, que fora soldado no dia anterior em San Antonio, quebrou novamente, mas isto tem explicação, pois a quantidade de calaminas, ou calamitas, pelas quais passamos é absurda, estas mini costelas de vaca, fazer os veículos vibrarem como se fossem se desmanchar aos pedaços, não adianta andar mais devagar, pois muda-se apenas a frequência da vibração. Eu novamente, como em 2010, estava crente de que ao chegar a San Pedro, iria dar falta de algo na Suzi. Foi aí nesta parada que descobri que ia mesmo era perder a placa da moto, a tarjeta do município estava solta, presa só pelo lacre.


A reta para o posto argentino (foto Zeca)
Quando estava quase chegando ao controle argentino
Olho para trás e os vejo muito longe...
Puxei todo o zoom da máquina e, bem, melhor eu voltar lá
A solda não aguentou as "Calaminas"
O Magá ao sol do Paso de Sico
O Andrezito
Eu, depois de recuperar minhas coisas que foram rolar no deserto
Não preciso dizer que alí no meio daquele imenso planalto de areia, por volta das 13:30 h, o sol era escaldante, mas tivemos que ficar alí por um bom tempo, pois era necessário prender o suporte. Eu fácilmente resolvi o problema da minha placa com duas presilhas plásticas, que alíás estão até hoje (sete meses depois) na moto...  Nós zoávamos o Zeca, que não estava nada contente com a situação, mas fazia o possivel para tentar resolve-la.
Neste tempo ocorreu uma súbita rajada de vento, assim do nada, que jogou longe o meu capacete e a minha blusa, e eu tive que sair correndo mesmo atrás das minhas luvas, pois tive a impressão que iriam desaparecer no deserto, conforme iam rolando para longe. Consegui recuperar tudo, mas tive que esperar um tempo para recuperar o fôlego, pois naquele sol e àquela altitude, correria não é algo bom de acontecer.

Na realidade minha estratégia de andar mais devagar, porém tentando ir mais constante, me permitia escolher um caminho, digamos, mais suave, pois procurava sempre as bordas laterais da pista, onde há mais areia e as calamitas não judiam tanto, o Zeca e o André, andando mais rápido, tinha que obrigatoriamente usar o trecho mais central, sendo este o pior em termos de vibração. Porém o André estava com alforges e o Magá também, por isto não tiveram o problema do Zeca. A moto do Zeca, passou impecavelmente por todos os obstáculos, apenas o suporte dos baús é precisavam ser mais reforçados para suportar aquele tranco todo, coisa que ele resolveu depois que retornamos da viagem. Naquele momento o suporte dos báus não estava a altura da robustez da moto, era isto.

Depois de o Zeca prender novamente o suporte, seguimos adiante, chegando ao posto da Gendarmeria (exército Argentino), sob um sol escaldante exatamente como em 2010. Me desculpem se estou sendo chato com esta repetição comparativa aos anos anteriores, mais não tem jeito, pois ter a oportunidade de poder passar mais uma vez por um lugar destes nos faz naturalmente pensar no ontem e no hoje.

O André chegou primeiro ao posto argentino
Nos fotografou vindo, observe a distorção devido ao ar quente subindo do chão
De fato eles atendem bem, devagar mas bem
A Suzi e a Pucara de Sico
Ogora só a Pucara, registrada pelo André

Não há sombra alguma por quilômetros
A Pucara é linda, a moto também, mas eu...

Meu registro
posto argentino (foto Zeca)
Entramos, pois claro que ninguém vai lá fora te receber por ali!   Uma sombra, que maravilha. O posto que é imigração e aduana, está na borda ocidental do Salar del Rincón, bem onde começa um platô de rochas e areia, cuja borda forma as lindas Púcaras. Ali não há nenhuma vegetação, as areias já se aqueceram com o sol à pino, por isto o calor é intenso.  Lá dentro, fomos bem atendidos, mas não preciso dizer que ninguém tem pressa de nada por lá, o que é natural ao trabalhar em um lugar tão remoto como aquele.  Um jovem soldado nos atendeu e foi providenciando os nossos trâmites, que multiplicados por dois desta vez, demorou mais. Tive tempo para ficar observando os cartazes colados nas paredes com fotos de homens e mulheres procurados internacionalmente, incluindo a lista de seus delitos. Por sorte, nós não parecíamos com nenhum deles!  Depois de ter visto todos, concentrei minha atenção em um mapa e descobri ali no meio daquela secura toda, o nome daquele rio onde havíamos tomado banho de roupa e tudo dias antes no Chaco, o rio Juramento!

Nós não havíamos chegado na metade da nossa viagem, mais por quantos cenários já havíamos passado, e quantos ainda estavam por vir.

Trâmites finalizados e aí sim, o soldado foi lá fora e "simbolicamente" (digo isto pois qualquer um levanta aquela cancela, de moto da até para passar pelo lado) levantou a cancela, nos desejando boa viagem.

Bem ali começa uma mudança de cenário, estamos indo para a divisa oficial entre Argentina e Chile, mais o cenário começa a ficar lindo, como já disse antes, o Chile ficou com a parte mais bonita e isto é nítido já bem ali, pois entramos nos domínios da cadeia de vulcões que forma a borda ocidental dos Andes, a ruta 51 argentina vira 23 chilena e esta passa por entre sete grandes vulcões e outros tantos menores.


Saindo do posto argentino
Começa a mudança de cenário

Após esta subida
Entramos em "Marte"
Mas isto só acontece após a subida para 4500 m de altitude, que é gradativa desde o posto argentino até a linha de limite internacional, onde claro, paramos para fotos!   Pudemos tranquilamente colocar as motos lado a lado bem embaixo da placa de divisa, um lugar distante de tudo. Depois da sessão de fotos, começamos a subir mesmo, muitas curvas e um visual de Marte.  Em um ponto alto, após uma sequência de curvas, há um Hyundai Tucson que saiu da pista e parou a uns 50 metros no meio das areias, claro que havia capotado, está com o teto amassado e a esta altura, tudo o que nele havia de útil, como rodas etc, já tinha sido removido, ficando a carcaça lá para lembrar aos mais desavisados que ali não é lugar para brincadeiras, as estradas de terra dos Andes merecem respeito.  Este não seria o único, infelizmente, que veríamos com o mesmo triste fim.

Chegando ao limite internacional
Este é oficialmente o Paso de Sico
Pose oficial também
Aqui termina a ruta 51 argentina e começa a ruta 23 chilena
A única sombra em quilômetros

Visões de outro planeta


O piso é instável, abusou resulta nisto!
Melhor ir devagar e apreciar a paisagem, que paisagem!
Desde a posto Argentino até borda andina que começa a descer para o salar de Atacama, este trecho de 95 km é o que faz valer a pena o caminho pelo Paso de Sico. A cadeia de vulcões despejou neste lugar, maravilhas vindas do centro da terra, por isto tantas cores e formas, é um cenário de outro mundo, e também um sobe e desce constante.

A aproximadamente 45 km após o posto argentino e a uns 30 km após o limite internacional, bem ao lado do Salar El Laco e aos pés da cadeia de montanhas vulcânicas Cordón de Puntas Negras, esta o posto chileno, chamado Avanzada El Laco.  Fica a 4450 m de altitude e em uma posição onde as nuvens ficam baixas, por isto está nublado e muito frio.
Igualzinho a 2010, parecia que ia chover, nuvens cinzentas passando muito próximas e um vento gelado constante. Paramos as motos do lado direito da ruta, de onde se vê à distância El Laco. A menos de 50 km atrás, ninguém sai do posto argentino para te receber, devido ao sol intenso, ali na Avanzada chilena, também ninguém põe o nariz para fora, porém agora devido ao frio!  Isto são os Andes...

Este posto é dividido em duas secções, a militar e a civil, a militar, ao contrário do posto argentino, é apenas um controle de passagem, pois não fazem nem a imigração nem a aduana dos veículos. Nos fazem preencher uma folha com nossos dados e dos veículos, depois nos dão um protocolo que indica que passamos por lá. Eles podem se quiserem, revistar os veículos, mas não o fizeram desta vez, apenas o soldado foi lá fora e nos perguntou, o que você leva aqui ou ali?  Bastou responder e fazer menção de abrir os alforges, mas ele fez sinal com a mão que não precisava. Acho que ele ainda estava com sono, pois quando chegamos e fomos entrando ele surgiu de uma sala lá no fundo ainda terminando de vestir o uniforme. Claro que fomos bem atendidos, e eles querem conversar, pois pouca gente passa por ali. Foi ai que ele nos contou que não é mais uma "Avanzada", pois estas são posições do exército chileno, onde os soldados passam um periodo, podendo até nunca mais voltar depois de cumprida a permanência. Eles agora eram um destacamento, onde eles eram sempre os mesmos soldados a ficarem fixos ali em regime de revezamento. Me lembro que ele disse que ficavam 30 dias lá, depois tinham um folga de 7 dias. Segundo ele a maioria deles era de San Pedro e Calama, porém ele era de Santiago e ia para lá de ônibus, eu fiz umas contas mentais e concluí que ele gastava na estrada 4 dias dos 7, só para ir e voltar de Santiago...
Rumo a El Laco
La vai o Magá
O sol sumiu, mais continua lindo!
La vão eles levantando poeira!
A "Avanzada" chilena de  El Laco
Eu chegando a El Laco
Magá e Zeca no posto chileno
Lá ao fundo o Salar El Laco
a mais de 4300 m é melhor sentar-se
O sol lá depois do Salar, ao que parece sempre é assim

O Zeca e o André
É frio devido ao vento
Mas é lindo
Fomos ao anexo, que é o controle civil chamado SOAT, equivalente ao nosso S.I.F (Serviço de Inspeção Federal) que controla produtos agrícolas e de origem animal. Um senhor que varria o chão nos atendeu. Ele precisa saber se estamos portanto, carnes, queijos, frutas ou vegetais, pois são proibidos de entrarem no Chile a bordo dos veículos. Somente produtos industrializados embalados podem passar. Claro que de moto, não tínhamos nada disto, porém me lembro da história do Marcelo Gulbert que ao passar por ali anos antes, levava com ele um pedacinho de madeira que usava para calçar a moto e poder lubrificar a corrente, o tal calço foi confiscado ali naquele controle.  Deve ter sido enviado para o capital chilena para avaliação cientifica...



Na subida logo após o posto chileno
vista norte, fim da cadeia Puntas Negras
vista sul
O Zeca "montando" nos seus 85 cavalos!
Puntas Negras, mais de perto


Puntas Negras é uma cadeia vulcânica
Como em 2010, nuvens densas se formam, mas não chove

O André foi brincar no Campo Amarillo
Campo Amarillo


O Zeca "é tudo meu!"   (a sensação é bem esta)
O Magá
O Magá estudando geologia!
Nos despedimos de todos e seguimos a longa subida, sob um céu escuro, porém depois de passar bem aos pés da cadeia Puntas Negras a ruta começa a descer, e desce em direção a Laguna Tuyajto.  Esta laguna lindíssima, fica entre o vulcão Incahuasi ao sul e os últimos morros de Puntas Negras, esta a 4000 m de altitude. Esta diferença de 450 m já faz com o sol apareça, pois as nuvens sempre "enroscam" por volta dos 4500 m.  Esta laguna é verde esmeralda, sua borda de sal é branquinha e ela contrasta com o marrom e verde dos cerros ao norte. Sim, agora há um pouco de verde, pois como as nuvens passam baixas por ali, entregam um pouco de umidade, porém este verde é formado por esparças moitinhas de um capim grosso e baixo, que vistos de muito longe dão a ilusão de um tapete esverdeado.

O Magá
Eu e a Suzi
Borda da Laguna Tuyajto

O Magá e a Tuyjato ao fundo
É linda demais







O André foi até a borda!

Tão linda que não parece de verdade
Não parece uma montagem?  Mas não é!

A tarde já ia avançada e por isto não fiz menção de ir até a borda da laguna, como pretendia, então fiquei observando aquela maravilha à distância novamente.  Mas o André deu uma volta rápida de moto, mais perto da borda. Deixamos para trás aquela que é uma das lagunas mais lindas dos Andes, se não a mais linda.  Sobe-se um pouco e na próxima descida já estávamos na borda do Salar Águas Calientes, que é branco e verde, pois a maioria dos salares não é, são marrons.  Foi neste trecho que eu parei para fotografar e fiquei para trás, fotografando os três seguirem em frente bem longe.  Quando deram falta de mim, pararam e foi ai que o André compôs uma obra prima, a foto da viagem, pois ele pegou a sua super câmera e nos fotografou passando por um trecho do salar tendo o vulcão Caichinque ao fundo. São três fotos, uma com o Zeca e duas comigo, porém não dá para identificar claramente as motos, apenas quem estava na viagem consegue saber quem são, pois ficamos lá pequeninos com nossas motos naquele cenário grandioso!



O Zeca, cortando a ruta no Salar Águas Calientes
Eu e a Suzi
O Zeca novamente
Eu e a Suzi
A "pintura" que o André compôs, eu e a Suzi em uma foto que descreve o Paso de Sico!
Ali, aquela passagem entre os vulcões Caichinque e Meniques, já indica o fim da cadeia andina, a ruta 23 passa entre os dois no sentido oeste e aí curva-se para a direita rumando sentido noroeste, pois vai descer pela lateral andina em direção a San Pedro. Na realidade não se faz uma transição brusca dos Andes para o deserto do Atacama, a ruta descendo assim vai suavemente deixando para trás uma maravilha, para nos colocar em outra.

Na descida que passa por trás do vulcão Meniques, encontramos um piso que é um asfalto sem base, lá no Rio Grande, chamavam isto de tapa-pó, é uma fina camanda de asfalto sobre o chão batido, claro que fica bem irregular, mas é um piso estável e por sinal melhor que muita estrada no Brasil. Paramos para colocarmos nos tanques gasolina sobressalente, estávamos já a uns 50 km de Socaire, a primeira cidade chilena, era melhor esvaziarmos as garrafas PET. O André aproveitou para completar o óleo da DR, que havia baixado, mas o que baixava neste momento mesmo era o sol, era fim de tarde.



Parada na curva passando por trás do vulcão Meniques
Magá
Zeca
Vai um óleo aí?   André
Dali de onde estávamos mais uns 20 km adiante, esta a entrada para as lagunas Miscanti e Meniques, cada uma aos pés do seu vulcão de mesmo nome. Qunado chegamos lá, paramos na entrada, pois havíamos planejado visitá-las antes de chegarmos a San Pedro, porém o sol não ia demorar muito para sumir no horizonte, eu fiz um cálculo mental e concluí que o tempo de visita seria mínimo, o que me desanimou, mas o André incentivou o Zeca e o Magá a irem, ele claro iria junto, então eu combinei com eles que eu seguiria em frente até Socaire para procurar algo para comermos, enquanto isto eles iriam visitar as lindas lagunas.

As lagunas Miscanti e Meniques não podem ser vistas da ruta 23, apesar de estarem a apenas 5 km ao lado desta, isto porque há uma encosta de uns 20 km de comprimento que segue paralelamente à ruta que está ali a 3800 m, a encosta está a 4200 m tendo as lagunas atrás a 4100 m de altitude, então a encosta forma um muro, protegendo e escondendo as lagunas. Apenas podemos ver dali os vulcões. Os três seguiram rumo as lagunas, é uma estrada linda, que vai até o pé da encosta e ai sobe atravessando a mesma em diagonal.


Lá ao fundo o Vulcão Meniques, porém agora visto da borda de acesso
A ruta 23 passando bem ao lado das Lagunas Miscanti e Meniques
Vulcão Miscanti, na frente a parede que esconde as lagunas
A Suzi apontando na direção oeste, San Pedro está a 130 km daqui.
Aos pés do Meniques está a sua laguna, escondida por aquela parede
Ao fundo o vulcão Lascar
Eu fiquei parado ali um pouco, em um momento de introspecção, sozinho observando os últimos raios de sol iluminarem o alto dos vulcões, um silêncio, apenas o barulho de vento.
Não sei quanto tempo fiquei lá, talvez uma meia hora, mas o frio já estava chegando, então coloquei uma blusa de lã por baixo da jaqueta e segui bem devagar rumo a Socaire.


Chegando às Lagunas (foto Zeca)
Borda sul da Miscanti, vendo-se o vulcão Meniques ao fundo
O Magá e a Miscanti
O André e a Meniques
As poderosas, lá ao fundo, Miscanti e Lascar

Laguna Meniques
O Zeca e Miscanti
O Magá e a Meniques
O Zeca e laguna Meniques
Um pouquinho antes da Quebrada Nascimiento, há uma formação rochosa interessante, aquilo foi um enorme derramamento de lavas vulcânicas que hoje estão erodidas. Parei bem na curva ao lado da Quebrada para fotografar o canal de água que corre para cima, é só uma ilusão de ótica, mas para os olhos aquilo é uma subida e não uma descida.
Como a bateria da máquina fotográfica acabou bem naquela hora, abri o baú, peguei a bateria reserva e troquei, mas como estava muito frio, não tirei as luvas. Fotografei e segui, parei novamente para fotografar a igrejinha de Socaire, mas após cinco fotos a máquina deu memória cheia. Tá bom, pensei, melhor eu cuidar de achar onde comermos, pois vamos chegar a San Pedro com a noite avançada.



O que um dia foi uma imensidão de lavas quentes
A água que corre saindo da Quebrada Nascimiento, está correndo para cima não está?

A Quebrada Nascimineto
O pôr do sol na Quebrada, lá ao fundo o Vulcão Lascar, de onde vem a água de degêlo  
Desta vez temos dinheiro chileno, já trouxe do Brasil, pois no Chile não tem esta de pagar em dólar, nas cidades pequenas então esquece. Desta vez poderemos jantar, só falta achar o lugar. A ruta 23 passa bem no meio da pequena Socaire, e o comedor (restaurante) onde tentamos em 2010 comer pagando em dólar, mas não pudemos, estava fechado, mas havia um outro onde um senhor muito amável veio falar comigo. O lugar é bem simples, mesas cobertas com toalhas de plástico, do jeito que eu gosto.  Ele me disse que tinha frango com arroz e batata, mais tinha que preparar, então eu já lhe disse para preparar um para mim e mais três para os meus companheiros que estavam vindo das lagunas.

Eu deixei a Suzi parada na frente bem visível na ruta, para que eles não passassem batidos, pois já havia anoitecido. Fiquei lá brincando com dois cachorros, um muito tímido e desconfiado e o outro alegre e bagunceiro.

Para minha surpresa eles logo chegaram, ainda bem, pois lá nas lagunas à noite deve ser um frio daqueles e eu estava preocupado. Eles fizeram uma visita bem rápida por lá, e eu é que fiquei fazendo hora no caminho, mas tudo bem, a comida já estava quase pronta.  O senhor do restaurante muito agradável, nos fez café e deixou uma garrafa grande com água quente e ao lado sachês de chá.  Era um pouco difícil entender o que ele dizia, mais era muito gentil, eu não tenho certeza, mais acho que ele disse que conhecia o Brasil. Havia uma TV onde estava passando uma novela brasileira famosa, que havia passado a não muito tempo por aqui, mas me desculpem os noveleiros, não sei o nome. É muito estranho ver atores brasileiros conhecidos com uma voz diferente falando castelhano, eu fiquei um tempo observando isto.

A comida chegou, e estava muito boa, apesar de bem simples. Na hora de pagarmos uma surpresa, foi muito barato, ele não cobrou o café nem o chá. Eu havia perguntado o preço antes, mas achei que iria meter a mão na bebida e coisa e tal, que nada. Pagamos com gosto.

Dali de Socaire até San Pedro são mais 95 km por asfalto, a ruta 23 desce de 3800 m de altitude para 2600 em Toconao, distante 57 km,  depois só mais um pouquinho e se está a 2400, 2500 m que é a altitude de San Pedro.  De Socaire até Toconao há várias curvas, depois de Toconao até San Pedro é praticamente um reta de 38 km.

Uma coisa que o Zeca e o Magá perderam foi ver esta ruta no fim da tarde, onde à direita temos longe as últimas formações andinas e à esquerda o imenso deserto do Atacama, é lindo!

Naquele momento à noite, apenas agradecemos o fato de a estrada ter pelo menos a faixa contínua no meio, pois em volta era tudo um breu. Onde estava a maravilhosa pista bem sinalizada de 2010? O asfalto estava péssimo, não havia mais sinalização lateral. E eu que havia achado que rapidamente chegaríamos a San Pedro, ledo engano, pois ainda haviam mais problemas na estrada, resultado daquele dilúvio acontecido em 2011. Várias pontes ainda estavam sendo re-construídas e com isto pegamos grandes desvios por terra, ou melhor, areia, onde a poeira, os carros e o terreno no escuro, nos faziam andar muito devagar.   Eu quase cai na areia uma pá de vezes, ficava contente quando o asfalto recomeçava, mas logo surgia outro desvio. No trecho onde o asfalto voltava, eu andava no meio da pista, sobre a faixa contínua, pois me guiava e evitava os buracos não visíveis na faixa de rolagem, porém quando via faróis vindo no sentido oposto, voltava para a direita e ia às cegas, torcendo para não pegar um grande buraco ou sair da pista. 

Finalmente chegamos a San Pedro, eu estava preocupado com o horário, pois me lembrava que o complexo imigratório fechava as 21h, chegamos um pouco antes disto. Mesmo naquele horário ainda havia bastante gente, felizmente nenhum ônibus. Eu estava cansado, meio irritado, sem muita paciência, mas felizmente tudo correu bem, fizemos a imigração e depois a aduana foi fácil, pois como havíamos passado por El Laco, que é um posto de controle, já havíamos teoricamente "sido controlados".

A imigração e aduana ficam na entrada da cidade, o asfalto da ruta 23 termina bem ali. Depois dos trâmites, fomos efetivamente para a cidade. Este ano já tínhamos destino certo, pois o Taz nos indicou a pousada El Camino del Inca, que fica bem no meio da Calle Licancabur, e pelo que me lembro não foi difícil achar, mais mesmo assim, demos algumas cabeçadas.

O lugar é bem simples com um bom pátio cascalhento.  A menina que nos atendeu deu o quarto número 6 (que é minúsculo) para mim e o André e acho que o número 10 ou 11 para o Zeca e o Magá, nós pedimos para trocar o número 6, ela viu que o 5 estava reservado, então nos mudou para o 3, que por ser no canto era um pouco maior. Tudo o que eu queria era um banho e dormir.  Descarreguei tudo praticamente jogando as coisas no quarto, queria mesmo era descansar.  Não tenho certeza, mas acho que eles foram para o centro da cidade enquanto eu fui dormir.

Da Argentina até o Chile, vimos muitas maravilhas, mais nenhum disco voador, infelizmente. Então tivemos um belo dia de fim do mundo. 

3 comentários:

  1. Vulcao LAscar, saudades, nesse mesmo ano, eu e a KArin subimos a pe ate seu topo, 5700 mts, o visual de la tbm é sensacional!

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  2. Oh Taz! Aproveito para lhes parabenizar, a você e a Karin, pois é preciso preparo físico, mas mais que isto, muita determinação para subir um vulcão!
    Eu não consigo me imaginar subindo a 5700 m de altitude! Mas imagino a recompensa que deve ser a vista de lá! Parabéns!
    Abraço,

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